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O Legado e Desafios do Gabinete de Apoio Psicológico

pela Equipa do Gabinete de Apoio Psicológico e Aconselhamento Vocacional

Graça Figueiredo Dias, pioneira na introdução de serviços de apoio psicológico nas instituições de ensino superior portuguesas.

O Gabinete de Psicologia da NOVA FCT foi pioneiro em Portugal, tendo sido fundado por Graça Figueiredo Dias, que o concebeu a partir de boas práticas de serviços equivalentes. Após um périplo por gabinetes já existentes em diversas universidades europeias e norte americanas, em 1983  Graça Dias propôs à direção da Escola que ousasse a criação do primeiro gabinete de consulta psicológica numa instituição de ensino superior nacional. Esta proposta foi aceite, já que alguns dos membros da direção, graças a uma formação inglesa, estavam cientes da importância destes serviços, com os quais tinham previamente contactado em Inglaterra (fonte: Euronoticias, 2000).

Na sua primeira denominação, o Gabinete de Apoio Psicológico e Aconselhamento  integrou psicólogos que vieram a participar na Associação Europeia Forum Européen de L’ Orientation Académique (FEDORA) e integraram o seu grupo de trabalho Psychological Counselling in Higher Education. A nível nacional, foram também membros da RESAPES - Rede de Serviços de Apoio Psicológico no Ensino Superior, da qual Graça Figueiredo Dias foi a primeira Presidente.

Além de uma vertente de investigação e aquisição de conhecimento sobre as características psicológicas da população universitária, a equipa de psicólogos desenvolveu também as vertentes clínica (disponibilizando consulta psicológica) e educacional, organizando workshops sobre estratégias de aprendizagem e de estudo, sessões sobre relações interpessoais, entrada no mercado de trabalho, planeamento da carreira e procura de emprego ou seminários mais focados em grupos específicos, como por exemplo em alunos com insucesso escolar.

A história do Gabinete de Psicologia não se dissocia da história da NOVA FCT, nem dos contextos sociopolíticos nacionais e globais. Em Portugal, sobretudo desde a criação das Ordem dos Psicólogos Portugueses em 2010, o tema da saúde mental começou a ser falado e integrado no léxico comum, nomeadamente aplicado à infância e juventude, tal com os assuntos de violência doméstica, aborto e doenças sexualmente transmissíveis já o tinham sido desde a década de 90, ajudando a prevenir e combater esses flagelos. Falar sobre estes temas ajuda a aceitá-los como parte integrante da natureza e condição humanas, mobilizando recursos individuais e sociais para o enfrentar dos problemas. Falar sobre o sofrimento psicológico não leva a mais sofrimento, pelo contrário, ajuda à identificação das vulnerabilidades individuais e à procura de ajuda. Assim ilustra Maya Angelou, escritora que levantou a voz para falar de uma história pessoal de abuso, racismo e discriminação, no livro “Sei por que Canta o Pássaro na Gaiola”, colocando a maior agonia no carregar de uma história por contar.

A pandemia de Covid-19 veio reforçar a necessidade de se olhar para a saúde mental da população, nomeadamente dos jovens universitários, que subitamente se viram privados da realidade que conheciam. O impacto dos confinamentos no bem-estar psicológico dos jovens, condicionou o saudável processo de autonomia psíquica e abriu caminho ao desenvolvimento de patologias do foro psiquiátrico (SM-COVID19 – Saúde Mental em Tempos de Pandemia, 2020). Ao longo desse período, o principal objetivo da equipa do gabinete de psicológicos foi dar resposta imediata e individualizada às necessidades dos estudantes, através da realização de consultas de Psicologia gratuitas, face ao número crescente de pedidos, que ultrapassou 300 solicitações anuais entre 2020 e 2022.

Mais recentemente, no ano letivo 2023/2024, foi feita uma caracterização dos estudantes utentes do serviço, bem como das principais razões referidas para a necessidade de recorrer a esta intervenção.

Nesse ano, foram efetuados aproximadamente 270 pedidos de apoio psicológico e realizadas cerca de 2300 consultas de psicologia clínica. A maioria dos estudantes referiu queixas de sofrimento emocional (cerca de 30%), nomeadamente sintomas de ansiedade e estados depressivos; seguindo-se cerca de 19% com dificuldades na adaptação à fase do ciclo de vida em que se encontram, exigente ao nível dos processos de desenvolvimento, como sejam a autonomização face à família nuclear e o início das relações afetivo-sexuais, entre outros. Também foram referidas dificuldades de adaptação aos desafios da vivência académica (16%) e situações específicas de vida causadoras de mal-estar psicológico (15%). Em menor número foram observados casos de sintomatologia psiquiátrica grave ou de dúvidas vocacionais e de planeamento da carreira.

Olhando o passado e perspetivando o futuro, nesta fase atual da existência do Gabinete de Psicologia, a equipa procura a identidade própria de um serviço que experimenta um impulso de mudança e crescimento, enfrentando exigências que também a Geração Z enfrenta. A relação que o aluno estabelece com o psicólogo, deverá manter-se acessível a todos, inclusiva e igualitária, defendendo a natureza relacional da experiência clínica, mas também a pertença comunitária. Deverá estar assente na defesa da liberdade e no direito à diferença, provocando movimentos de solidariedade, empatia e aceitação.

Assim sendo, a missão principal do Gabinete de Psicologia é a garantia de uma intervenção no sofrimento psicológico, através da relação de ajuda, disponibilizada num setting confidencial e securizante. De forma a ser garantido o acesso a todos os estudantes que solicitem este apoio, as consultas de Psicologia são gratuitas e agendadas em horário compatível com os compromissos letivos e atividades académicas. A equipa tem ainda como função o contributo para uma universidade mais inclusiva, avaliando os pedidos feitos por alunos que requerem um estatuto de Estudante com Necessidades Educativas Específicas.

Além destas intervenções individuais, o Gabinete de Psicologia disponibiliza ainda um conjunto de atividades no âmbito da prevenção primária e secundária, de forma a promover o bem-estar psicológico, académico e social e incentivar ao autocuidado e ao autoconhecimento. Estas atividades dão resposta às necessidades efetivas dos estudantes, tendo sido defendida uma proximidade com a Associação de Estudantes da NOVA FCT e com outras organizações estudantis, nomeadamente através da participação de elementos do Gabinete de Psicologia em diversas iniciativas alusivas à área da saúde mental. Assim, a partir das sugestões dos próprios alunos, foram concebidas algumas atividades regulares para o atual ano letivo, no âmbito da literacia em saúde mental, tais como sessões de Mindfulness, workshop de Métodos de Estudo, sessões temáticas, encontros sobre arte e cinema, programas específicos, entre outros.

Ao nível político, salienta-se que também os governos têm mostrado preocupação com a saúde psicológica e o bem-estar dos estudantes universitários. Em 2023, foi divulgado em Portugal o Programa Nacional para a Promoção da Saúde Mental no Ensino Superior, que defende a aplicação de um Stepped-care Model na intervenção em saúde mental nas universidades, modelo este que reforça a abordagem preventiva e não apenas uma atuação tardia, acionada só após o surgimento de sintomas.

No âmbito deste programa nacional, a NOVA concebeu o Projeto BANDUA (maio 2024 - setembro 2026), que permitirá alcançar um maior número de alunos, de forma a:

  • Promover a integração, a cooperação e a inclusão de estudantes em toda a comunidade NOVA;
  • Criar um ambiente saudável, estimulante e solidário que promova o desenvolvimento holístico dos estudantes ao longo do seu percurso académico.

A dinamização de atividades em espaços públicos do Campus, como ocorreu n’ A Semana da Saúde Mental (7-11 outubro 2024), pode atrair a participação dos estudantes e melhorar a adesão da comunidade académica a atividades diversificadas, que promovam o pensamento e a autodescoberta. Defende-se assim, a adaptação de formas mais criativas e inovadoras de abordar a temática da saúde mental e bem-estar, numa lógica de proximidade e integração ambiental e social.

No mundo atual, os serviços de saúde mental no ensino superior deverão procurar adaptar-se às características de uma população em constante evolução, que enfrenta desafios importantes decorrentes da globalização, do tempo acelerado e de um espaço tanto físico como virtual, mas nunca deixando esquecer a importância das relações interpessoais presenciais.

Em conjunto com estudantes, docentes, colaboradores e sociedade em geral, a NOVA FCT integra na sua missão a cocriação de uma comunidade positiva e solidária, na qual a cooperação e a inclusão estejam presentes e a integração social e académica sejam facilitadas, numa cultura de saúde e bem-estar físico e mental.

Outubro 2024

Conheça a equipa do Gabinete de Apoio Psicológico e Aconselhamento Vocacional

A NOVA FCT continua a apostar no bem-estar da sua comunidade, com um reforço da equipa do gabinete de psicologia. Atualmente com cinco elementos, esta é a equipa com mais profissionais  numa instituição de ensino superior em Portugal.

 

 

Ana Margarida Albano

Integrou a equipa em setembro de 2022.  Licenciada em Psicologia, área clínica.

Membro efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses.
Gosto por atividades na área do Mindfulness, nomeadamente, na natureza.

  

Fátima Banha

Faz parte da equipa desde março de 2024. Licenciada em Psicologia, área clínica.
Membro efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses.
Gosto por atividades na área do Taijiwuxigong e caminhar na natureza.

  

Isabel Castelo

Na equipa desde setembro de 2023. Licenciada em Psicologia, área clínica e Mestre em Psicopatologia e Psicologia Clínica.
Membro efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses.
Gosto pela prática de yoga ao ar livre.

 

Júlia Murta

Integrou a equipa do Gabinete fevereiro de 2005.

Licenciada Pré-Bolonha em Psicologia Clínica.

Com formação Teórico-Clínica de 4 anos em Psicoterapia pela AP (Associação de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica).

Membro efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses.

Gosto de caminhar e ver teatro regularmente.

  

Sandra de Oliveira Ferro

 Desde setembro 2023  que integra a equipa da NOVA FCT. Licenciada em Psicologia   e Mestre em Psicologia   Forense e da Exclusão   Social . Doutoranda em Educação.

Com experiência profissional ao nível da avaliação, apoio e intervenção psicológica junto de crianças, adolescentes e adultos, tendo colaborado em várias Instituições em contextos desde forense, saúde, social e educacional.