por Carlos Chastre
Subdiretor para o Campus e Infraestruturas
O Campus da Caparica surgiu na década de 1980, ocupando terrenos rurais da Quinta da Torre, resultando a atual configuração de um plano elaborado pelo arquiteto Leopoldo Criner. Ao longo dos anos, foram sendo construídos diversos edifícios projetados por arquitetos de renome. Estes edifícios, que hoje compõem o Campus, foram edificados em diferentes períodos para responder às crescentes necessidades de espaço para ensino e investigação na NOVA FCT.
Atualmente, pouco mais de metade dos 32 hectares estão ocupados. Considerando as dinâmicas e as necessidades internas da NOVA FCT, bem como a revisão do Plano Diretor Municipal, foi nomeada em 2023 uma comissão de acompanhamento do Plano de Pormenor do Campus (PPC), com o objetivo de rever o plano inicial do arquiteto Leopoldo Criner e de estabelecer as linhas orientadoras para um novo PPC. Neste momento, o estudo prévio do novo plano está a ser finalizado, com a coordenação da Direção. O estudo aguarda alguns ajustamentos de pormenor resultantes da ligação ao Campus norte, da confirmação por parte da Câmara Municipal de Almada das zonas de afetação da Reserva Ecológica Nacional (REN) e da Reserva Agrícola Nacional (RAN), bem como da influência no Campus do traçado do prolongamento da linha do Metro Sul do Tejo à Costa da Caparica. Assim que possível, este plano será colocado em discussão na NOVA FCT. Optou-se por realizar uma breve apresentação do estudo neste momento, com o objetivo de fornecer uma visão geral do trabalho desenvolvido até ao momento.
No PPC em desenvolvimento procurou-se sedimentar os edifícios dedicados às áreas académicas, de investigação e de serviços de apoio na zona norte e central do Campus, criando áreas dedicadas ao desporto a sul - sudeste, ao alojamento estudantil a sul e a um parque tecnológico para empresas a sudoeste.
Com o novo projeto, as diferentes zonas do Campus foram planeadas para coexistirem de forma integrada, harmoniosa e sustentável. Além das atividades académicas e de investigação, foram concebidos novos espaços, onde será possível relaxar, socializar e participar em atividades culturais e desportivas, promovendo a integração dos membros da comunidade universitária e contribuindo para o bem-estar físico e mental de todos.
Neste plano, propõe-se a criação de um novo parque urbano na zona norte, confinado a oeste pelo edifício departamental (5), a norte pela zona do Grande Auditório (1) e do edifício da Biblioteca (3) e a sul pelo Edifício I (7) e pela Cantina. Em termos concretos, a criação deste parque levará à expansão da área verde em frente à Biblioteca, à demolição dos Hangares I, II e III, e à limitação da circulação e do estacionamento nesta área. Dada a sua dimensão e importância, esta área será alvo de um projeto específico de arquitetura paisagística. Agregando o Grande Auditório (1), os anfiteatros e as salas do Edifício IV propõe-se a construção, numa primeira fase, de um amplo hall de exposições, que em conjunto com os espaços envolventes, funcionará como Centro de Congressos. Numa segunda fase, propõe-se a construção do Edifício Multiusos (2), dedicado a comércio, coworking e serviços externos.
Na zona este do Campus, fechando o Parque Urbano entre a Biblioteca (3) e o Edifício II, está localizado o novo edifício (4) do NOVA Institute for a Sustainable Future (i4SF), uma infraestrutura tecnológica de base laboratorial, que disponibiliza à Academia e às empresas recursos altamente especializados e flexíveis, para uso intensivo. Tendo como missão principal promover a pesquisa multidisciplinar, a colaboração entre Universidade e indústria, a transferência de conhecimento, e a sustentabilidade. Ainda na zona académica, manteve-se a possibilidade, prevista no anterior plano, de ampliação dos edifícios VIII, IX e X, bem como do fecho do Edifício I. Numa das extremidades do Edifício I irá surgir um pequeno edifício (6) que
funcionará como espaço multiusos para estudantes e funcionários.
A área desportiva é um elemento crucial do novo plano, situada na zona mais a sul do Campus. Foi concebida para promover a prática de atividade física e o bem-estar dos estudantes e funcionários. Esta área foi planeada para oferecer uma variedade de instalações desportivas de alta qualidade, bem como espaços de convívio e de lazer que incentivam um estilo de vida ativo e saudável.
No topo norte da área desportiva situa-se o novo edifício da Associação de Estudantes (8), na zona central o campo de futebol de 11 (9) com pista de atletismo (10) e no topo sul o pavilhão polidesportivo (12) com piscina, ginásio e campos polidesportivos para a prática de diferentes modalidades, integrando-se ainda nesta zona os campos de padel geridos pela RacketsPro (13). A sul, em frente ao polidesportivo, situa-se a NOVA FCT Student Residence Hall (15).
Além das instalações desportivas, serão criados percursos para caminhada e corrida em redor do Campus, proporcionando espaços seguros e agradáveis para a prática de atividade física ao ar livre. Estes percursos serão integrados na paisagem natural do Campus, incentivando a comunidade académica a adotar um estilo de vida ativo e saudável. A área desportiva contará também com espaços de convívio e lazer, tais como áreas verdes, praças e quiosques, onde os seus utilizadores poderão relaxar, socializar e participar em atividades recreativas.
Na zona sudoeste do Campus surgirá o parque dedicado a empresas tecnológicas, concebido para impulsionar a inovação, a colaboração e o desenvolvimento tecnológico entre empresas e a comunidade académica da NOVA FCT. Este ambiente único proporcionará às empresas o
acesso ao talento académico, através de programas de estágio, recrutamento e colaboração em projetos de investigação e desenvolvimento, aproveitando o potencial de inovação e de criatividade dos estudantes e dos investigadores da NOVA FCT.
Com o novo plano está previsto um conjunto de novas vias, particularmente a sul do Campus compreendendo, ainda a construção de duas novas rotundas, uma entre o Rackets Pro e o Lidl e outra junto ao edifício do Ydreams. A mobilidade interna no Campus será reorganizada, dando prioridade ao peão nas zonas centrais, apostando na mobilidade sustentável com a criação de condições favoráveis para a mobilidade suave. Os parques de estacionamento serão concentrados nas extremidades do campus ou nas caves dos edifícios a construir. A mobilidade na zona norte passará a ser maioritariamente pedonal, existindo vias partilhadas para veículos de emergência, para pessoas com mobilidade reduzida ou para utilização pelos
serviços. Nas infraestruturas destinadas aos peões foram concebidas alterações, tendo em vista melhorar a acessibilidade e a segurança, especialmente para as pessoas com mobilidade reduzida. Estão previstas ciclovias entre o Campus norte e a futura ciclovia que ligará Almada à
Costa da Caparica, bem como parques de estacionamento para bicicletas e trotinetes e docas para estacionamento de bicicletas partilhadas. Com este plano pretende-se criar um ambiente seguro, acessível e agradável para todos os utilizadores, promovendo a mobilidade suave e a qualidade de vida no Campus.
A sustentabilidade ambiental é um aspeto central do projeto. Para tal, serão implementadas medidas de preservação dos espaços naturais e dos ecossistemas do Campus. A implementação de sistemas de captação e de reutilização de água, permitirão a redução do consumo dos recursos hídricos e do impacto sobre os recursos naturais da região. Está prevista a manutenção das linhas de água existentes, integrando-as no desenho urbano. A adoção de práticas construtivas destinadas a reduzir o impacto ambiental das atividades realizadas no Campus, serão conseguidas através da arquitetura sustentável e da utilização do conceito Net Zero. Adicionalmente, serão implementadas medidas de eficiência energética, como a utilização de sistemas de iluminação LED, a instalação de painéis solares para geração de energia renovável e o recurso a sistemas de controlo e automação.
Assim que possível, vamos abrir a discussão do que será o futuro do nosso Campus a toda escola. Contamos com o vosso contributo.
Abril 2024