No dia 15 de março de 1980, a Universidade NOVA de Lisboa testemunhou um marco histórico com a inauguração da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa (NOVA FCT). Este evento constituiu não só a construção de um novo Campus, mas sim o resultado de uma visão arquitetónica profundamente democrática e inovadora, que visava uma estreita integração com a comunidade e o ambiente circundante.
Desde os primeiros estudos conduzidos pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil e pela Assessoria de Planeamento da Universidade NOVA de Lisboa, ficou claro que este não seria apenas mais um Campus universitário. A ideia de um Campus onde a proximidade entre os edifícios facilitaria o diálogo entre departamentos e promoveria a partilha de recursos, foi um dos pilares fundamentais desta visão inclusiva e funcional.
A escolha dos terrenos da Quinta da Torre, em 1974, foi o primeiro passo em direção a uma ligação mais estreita com a comunidade. Além de considerar critérios práticos, como acessibilidade e proximidade a transportes públicos, os arquitetos também contemplaram a possibilidade de os edifícios servirem a população não universitária do Monte da Caparica, fortalecendo assim os laços com a comunidade local.
Maquete apresentada no Boletim Descritivo da Faculdade de Ciências e Tecnologia, em Janeiro de 1989, do Plano Urbano dos arquitetos Carlos Duarte e José Lamas para o Campus do Monte da Caparica, e republicada no livro "A Outra Margem da NOVA".
O desenvolvimento do projeto arquitetónico, apresentado em 1974, trouxe consigo uma abordagem revolucionária. A disposição dos edifícios ao longo do Eixo Equipado, com uma graduação funcional que unia equipamentos especializados e leves, demonstrou uma preocupação genuína em criar uma experiência integrada e funcional para a comunidade académica.
A NOVA FCT não era apenas um espaço físico, mas sim um testemunho de uma mudança de paradigma no ensino superior. A arquitetura polivalente e adaptável, capaz de se transformar ao longo do tempo para responder às necessidades da universidade e da investigação, representou um desafio aos modelos convencionais e gerou alguma controvérsia na época.
Ao longo das décadas seguintes, o compromisso com uma abordagem democrática e inclusiva permaneceu evidente. A revisão do Plano Diretor, em 1984, e a apresentação do "Anteplano para o Pólo de Almada", em 1988, foram exemplos claros deste compromisso contínuo com a integração comunitária e a funcionalidade dos espaços.
A NOVA FCT surge como uma afirmação de uma nova era no Ensino Superior português. A sua história é uma narrativa de inovação e compromisso democrático, que continua a inspirar e moldar o futuro da educação em Portugal.
O livro "A Outra Margem da NOVA", de Maria Paula Diogo, Ana Carneiro, Isabel Amaral, Paula Urze, André Pereira, Ivo Louro e Jão Machado, serviu de inspiração para este texto e retrata ao promenor o crescimento da NOVA FCT e o seu impacto no espaço e no tempo.
Abril 2024