16-10-2024
A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa | NOVA FCT integra o consórcio do projeto europeu IASIS, recentemente financiado pela União Europeia – 5 milhões de euros, durante 4 anos, que tem como objetivo recuperar terrenos contaminados e com elevados níveis de salinidade que contribuem para a degradação do solo e para a redução da produtividade agrícola.
O projeto tem a coordenação europeia do Center for Renewable Energy Sources and Saving (CRES), que envolve 18 parceiros de sete países europeus, com o objetivo principal de reestruturar terrenos danificados ou improdutivos para aumentar a área agrícola europeia, recorrendo a um processo chamado phytomanagement, que consiste na aplicação de plantas e microrganismos capazes de tolerar e remover contaminantes do solo, ao mesmo tempo que regeneram as suas propriedades.
A investigação vai incidir em terrenos que apresentam contaminação por metais pesados, pesticidas ou salinidade extrema, características que afetam diretamente a sua capacidade de sustentar a agricultura ou qualquer outra utilização produtiva. O projeto pretende testar estas soluções em diversos locais-piloto distribuídos pela Europa – Grécia, Polónia, França, Bélgica, Portugal e Itália, onde as condições de degradação são mais severas. Nestes locais, serão plantadas espécies selecionadas pela sua capacidade de resistir à salinidade ou a alguns poluentes, com o apoio de microrganismos que aumentam a capacidade de absorção de nutrientes pelas plantas e ajudam a estabilizar o solo.
A equipa de investigadores da NOVA FCT, liderada por Ana Luísa Fernando, professora do Departamento de Química e coordenadora do centro de investigação METRICS da NOVA FCT, vai trabalhar na identificação das melhores combinações de plantas e microrganismos que possam ser aplicadas para a recuperação de solos, e vai monitorizar os resultados obtidos nos locais-piloto, avaliando a eficiência das soluções implementadas em termos de melhoria da qualidade do solo, absorção de contaminantes e capacidade de produção de biomassa.
“O IASIS traz consigo uma série de benefícios a longo prazo, especialmente para a agricultura e a economia portuguesa. Ao reabilitar terrenos até agora considerados inutilizáveis ou improdutivos, abre-se a possibilidade de aumentar a área de cultivo disponível, o que é particularmente relevante num país como Portugal, onde a desertificação do solo está a aumentar devido às alterações climáticas”, defende a investigadora Ana Luísa Fernando, da NOVA FCT. “Adicionalmente, a produção de biomassa em solos degradados e a sua recuperação pode alimentar inúmeras indústrias emergentes, como a bioenergia e a produção de materiais sustentáveis, contribuindo para a diversificação da economia nacional e redução da dependência externa de matérias-primas convencionais e de base fóssil”.
A acumulação de sais no solo e a contaminação por substâncias químicas resultam, muitas vezes, de práticas agrícolas intensivas, da poluição industrial ou de fenómenos naturais como a erosão e a desertificação. Estes fatores causam danos extensivos aos ecossistemas locais, reduzem a qualidade da água e tornam o solo impróprio para produção agrícola. Para a economia e agricultura portuguesas, em particular, este tipo de degradação tem impacto direto na produtividade, afetando tanto a qualidade dos alimentos como a viabilidade de áreas agrícolas.
A investigação levada a cabo no âmbito do IASIS visa, por um lado, regenerar esses terrenos para que possam voltar a ser utilizados e, por outro, transformar esses locais em áreas produtivas para outros fins, como a produção de biomassa. A biomassa gerada a partir destas plantas não comestíveis (industriais), poderá ser utilizada como matéria-prima para a criação de produtos de base biológica, incluindo bioenergia e bioplásticos, fomentando assim a bioeconomia e a economia circular, onde resíduos e terrenos abandonados se tornam recursos úteis para a indústria.
O projeto alinha-se com as estratégias europeias e nacionais de transição para uma economia mais verde e circular, onde a inovação científica desempenha um papel crucial. A utilização de tecnologias de phytomanagement, combinadas com bioengenharia, posiciona o projeto IASIS como uma referência no campo da recuperação e do desenvolvimento sustentável.
Para mais informações sobre o projeto IASIS, visite o site da CORDIS.
Na imprensa
Projecto europeu vai usar plantas para recuperar terrenos contaminados no Alentejo, Público
Projeto europeu vai recuperar terrenos contaminados através de plantas, Lusa
Projeto europeu vai recuperar terrenos contaminados através de plantas, Green Savers
Projeto europeu vai recuperar terrenos contaminados através de plantas, Notícias ao Minuto
Projeto europeu vai recuperar terrenos contaminados através de plantas, Agroportal
Projeto europeu vai recuperar terrenos contaminados através de plantas, Diário de Leiria
Projeto europeu vai recuperar terrenos contaminados através de plantas, Diário de Viseu
Projecto europeu vai recuperar terrenos contaminados no Alentejo através de plantas, Diário Imobiliário
Projeto europeu vai recuperar terrenos contaminados através de plantas, Dnotícias
Projecto europeu vai usar plantas para recuperar terrenos contaminados no Alentejo, Away
Projeto europeu recupera terrenos contaminados através de plantas, Rádio Voz da Planície