07-04-2021
O Norte da Península Ibérica é um dos lugares mais importantes do mundo para o estudo da extinção de dinossauros, segundo confirma o estudo realizado por uma equipa internacional com participação de investigadores da NOVA School of Science and Technology | FCT NOVA e do Museu de Lourinhã.
Nos Pirenéus de Aragão, numerosos fósseis de vertebrados foram recuperados e identificados como os últimos dinossauros da Europa. A presença de dinossauros e de outros animais pré-históricos nesta região é bem conhecida há quase 25 anos e tem vindo a ser destacada na imprensa desde 1997 com as descobertas de ossos fósseis nas proximidades da cidade de Arén (Areny).
Este novo trabalho, publicado na prestigiada revista Geosciences, faz uma compilação dos milhares de fósseis de vertebrados recuperados em diferentes partes da região, identificando as espécies e grupos de animais a que pertenciam, e colocando-os num contexto geológico que lhes permite ser ordenados cronologicamente para refinar o seu estudo. Além disso, esses depósitos foram comparados com outros fósseis do Cretáceo Tardio terminal, encontrados em localidades europeias como a França e a Romênia. No total, foram identificados cerca de 60 sítios com fósseis, tendo-se encontrado fósseis de ossos, cascas de ovo e icnitas (pegadas fossilizadas) de dinossauros, pássaros, crocodilos, tartarugas, pterossauros, anfíbios e lagartos, alguns milhares de anos antes da grande extinção em massa. Todos estes fósseis referentes ao intervalo de tempo que cobre o último meio milhão de anos do Cretáceo,
O autor principal do estudo, Manuel Pérez Pueyo, destaca o carácter excecional da região, uma vez que esta zona dos Pirenéus, conhecida geologicamente como Bacia do Tremp e que também inclui vários depósitos na Catalunha, é um dos poucos locais no mundo que nos permitem saber como era a biodiversidade dos dinossauros pouco antes do limite Cretáceo / Paleógeno. Eduardo Puértolas, da NOVA School of Science and Technology | FCT NOVA e do Museu de Lourinhã, e co-orientador da Tese de Doutoramento de Manuel Pérez Pueyo, explica que estes resultados mostram uma grande abundância e variedade da fauna durante o último meio milhão de anos do Cretáceo, de forma que os dinossauros não apresentariam um declínio prévio antes de sua extinção, indicando que seu desaparecimento foi relativamente repentino e não gradual. O paleontólogo comenta ainda que são os sítios de dinossauros mais modernos da Europa e que apenas em algumas áreas dos Estados Unidos e da Ásia foram encontrados dinossauros da mesma idade. O Paleontólogo da NOVA e do Museu de Lourinhã, Miguel Moreno-Azanza, afirma que esta revisão abre as portas a novos descobrimentos na área e acrescenta a importância de continuar os estudos paleontológicos no Cretáceo Superior Europeu.
Foto: Manuel Pérez Pueyo (Aragosaurus-IUCA)
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