06-12-2018
Uma nova espécie de crocodilo fóssil de Portugal muda o que os cientistas pensavam sobre a origem dos crocodilos. Os répteis semelhantes a crocodilos, os crocodilomorfos, existiam desde os primórdios dos dinossauros. No entanto, os verdadeiros crocodilos, pertencentes ao clado Crocodylia, como a nova espécie com cerca de 95 milhões de anos encontrada em Tentúgal, remontam a 20 milhões de anos a origem dos verdadeiros crocodilos, segundo o estudo dos paleontólogos da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e da Universidade de Coimbra.
"Este fóssil é único na sua anatomia e peça-chave para compreender as fases iniciais da evolução dos crocodilos, por ser o mais antigo do grupo a que chamamos Crocodylia, os verdadeiros crocodilos", afirma o autor Octávio Mateus, paleontólogo da Universidade Nova de Lisboa.
Este novo fóssil, baseado num crânio e na mandíbula inferior, exibe uma série de caracteres nunca vistos em nenhuma outra espécie, permitindo a sua atribuição a um novo nome Portugalosuchus azenhae. Eduardo Puértolas-Pascual, especialista em crocodilos, da Universidade Nova de Lisboa, e co-autor do estudo, explica a importância da anatomia da mandíbula: "A mandíbula tem uma abertura que ajuda a definir o que é um verdadeiro crocodilo em contraste com répteis parecidos com crocodilos, os crocodilomorfos, que ainda não faziam parte do grupo Crocodylia, e não tinham essa abertura nos ossos da mandíbula". Os resultados de um estudo de linhagem colocam este espécime dentro de Crocodylia, como o grupo irmão de todos os outros crocodilos além dos gaviais. Portanto, este exemplar português representa a única espécie deste tipo bem documentada e válida naquela idade geológica, na Europa, e o representante mais antigo de Crocodylia conhecido até agora, ajudando a preencher uma lacuna no registro fóssil. Além disso, a descoberta desta nova espécie lança luz sobre a radiação e a origem dos crocodilos, que provavelmente teria ocorrido na Europa.
O crânio foi encontrado por Matilde Azenha, que agora é homenageada com o nome de espécie Portugalosuchus azenhae. O fóssil que compreende um crânio e mandíbula, foi recolhido perto de Tentúgal, no centro de Portugal, e estará em breve em exibição no Museu da Lourinhã.
O estudo foi publicado na prestigiada revista científica "Zoological Journal of the Linnean Society".
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