A Universidade Nova de Lisboa (UNL) foi instituída, através do Decreto-Lei n.º 402/73 de 11 de Agosto, pelo Ministro da Educação, Professor Doutor Veiga Simão. O primeiro Reitor da UNL, Professor Doutor Fraústo da Silva, presidiu à Comissão Instaladora, que começou a projectar a orgânica da instituição para o máximo de oito mil estudantes, a fim de a instalar, em 1985, no espaço da Quinta da Torre no Monte de Caparica. Em Setembro de 1974 ficou concluído o estudo das cinco áreas científicas a desenvolver: ciências exactas e naturais, ciências humanas e sociais, artes, ciências aplicadas e das tecnologias, ciências médicas e para-médicas.
Assim, em 11 de Novembro de 1975, tomou posse o primeiro Reitor eleito, Professor Doutor Manuel Laranjeira, que completou a nova Comissão Instaladora com mais dois membros, os Professores Doutores José-Augusto França e Leopoldo Guimarães. Ainda nas instalações provisórias no Seminário dos Olivais arrancou, em 1975/76, a licenciatura em Engenharia Informática, com estudantes que tivessem formação adequada para frequentar os dois anos terminais.
Entretanto, em Novembro de 1977, o Ministro da Educação, Professor Doutor Mário Sottomayor Cardia, repartiu a Universidade Nova de Lisboa em quatro unidades orgânicas: Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT), Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH), Faculdade de Economia (FE) e Faculdade de Ciências Médicas (FCM). Então, o despacho ministerial de 17 de Novembro de 1977 exonerou o Reitor, a seu pedido. E o Professor Doutor Manuel Laranjeira, como Decano da UNL, deu posse ao terceiro Reitor, Professor Doutor Alfredo de Sousa, que constituiu as comissões instaladoras das faculdades criadas e definiu os respectivos locais de instalação: a FCT manteve a pretensão de se instalar no Campus de Caparica, a FCSH situou-se na avenida de Berna, a FE localizou-se em Campolide e a FCM instalou-se no Campo de Santana, enquanto a Reitoria foi sediada no Príncipe Real, em Lisboa.
O Decreto-Lei n.º 463-A/77 de 10 de Novembro instituiu a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT-UNL), que haveria de ter duas comissões instaladoras. A primeira Comissão Instaladora exerceu as suas funções entre Novembro de 1977 e Julho de 1980, sob a presidência do Professor Doutor Lício Godinho e com mais quatro membros: o Professor Doutor Manuel Laranjeira coordenou as obras de instalação no Monte de Caparica, o Professor Doutor Telles Antunes ocupou-se dos recursos humanos, o Professor Doutor Leopoldo Guimarães estruturou os departamentos e o Professor Doutor Hermínio Duarte-Ramos responsabilizou-se pela definição científica e pedagógica das licenciaturas a implementar.
A partir de 1977/78 lançaram-se as licenciaturas em Engenharia de Produção Industrial (integrando os ramos de Engenharia Mecânica, Engenharia Química e Engenharia de Produção Industrial) e Engenharia do Ambiente (com os ramos de Ambiente e de Sanitária). Seguiram-se as licenciaturas em Matemática, Química Aplicada, Engenharia Geológica, Engenharia Física e dos Materiais (integrada em dois ramos) e também a licenciatura em Engenharia Informática com cinco anos. No seu conjunto tratou-se de uma perspectiva inovadora em relação às ofertas tradicionais das outras universidades, inclusivamente com os cursos de especialização pós-graduada em Geologia de Engenharia e em Mecânica dos Solos, bem como Ciência de Materiais e Engenharia Sanitária.
Em 1979, foi traçado o regulamento da estrutura orgânica da FCT-UNL, constituindo o seu primeiro projecto de estatuto. Desta maneira, projectaram-se as infra-estruturas de suporte científico ao projecto pedagógico em execução, por meio dos departamentos de Matemática, Informática, Física, Química, Ambiente, Ciências da Terra, Ciência dos Materiais, Energia e Controlo, Produção Industrial. Uma estrutura que se reformulou ao longo do tempo, para se adaptar às orientações científicas e pedagógicas da evolução institucional.
A segunda Comissão Instaladora, presidida pelo Professor Doutor Carlos Lloyd Braga, entre Julho de 1980 e Março de 1982, completou-se com os Professores Doutores Manuel Laranjeira, Leopoldo Guimarães, Luís Sousa Lobo e José Taborda. Inaugurou solenemente os primeiros edifícios construídos no campus universitário, com a presença do Presidente da República, General Ramalho Eanes, no dia 20 de Março de 1980. E organizou a mudança das instalações provisórias do Seminário dos Olivais para esses novos espaços, durante os meses de Dezembro de 1981 e Janeiro de 1982. O período de instalação da FCT-UNL encerrou com a eleição do primeiro Director, a 4 de Março de 1982.
A Direcção da Faculdade foi sucessivamente presidida pelos Professores Doutores Leopoldo Guimarães, Rui Ganho, Leopoldo Guimarães, Nunes dos Santos e Fernando Santana. Como Presidente do Conselho Científico foram eleitos os Professores Doutores Alexandre Cerveira, Telles Antunes, Cândido Marciano, Janeiro Borges, Hermínio Duarte-Ramos, Ana Lobo, Nunes dos Santos, José Moura e João Paulo Crespo. Assumiram o cargo de Presidente do Conselho Pedagógico os Professores Doutores Celorico Moutinho, Frazer Monteiro, Amália Bento, João Gomes Ferreira, Beatriz Marques, João António Farinha e Jorge Lampreia.
Nesta evolução, alguns dos ramos das licenciaturas individualizaram-se em cursos próprios, como a Engenharia Mecânica e a Engenharia Química. Criaram-se as tradicionais licenciaturas em Engenharia Civil e em Engenharia Electrotécnica, que viria a ser alterada para Engenharia Electrotécnica e de Computadores. Prosseguiu-se a inovação científica e pedagógica nalgumas áreas, como exemplificam as licenciaturas em Engenharia Biomédica e em Conservação-Restauro, ambas em interacção com outras faculdades da UNL. E reproduziram-se os mestrados, desde as conversões dos primeiros cursos de especialização pós-graduada à criação de outros perfis, como Informática ou Biologia Celular e Molecular.
Deste modo, desenvolveram-se diferentes áreas do conhecimento científico e tecnológico, que têm concedido valiosas contribuições à modernização nacional e potenciado um honroso reconhecimento internacional no actual processo de globalização.
Hermínio Duarte-Ramos
Caparica, 2006-12-18